A L V I T O

Aspectos Geográficos
O concelho de Alvito, do distrito de Beja, localiza-se no Baixo Alentejo e ocupa uma área de 267,2 km2 e abrange duas freguesias: Alvito e Vila Nova da Baronia.
O concelho encontra-se limitado a norte pelo concelho de Viana do Alentejo, no distrito de Évora; a oeste por Alcácer do Sal, no distrito de Setúbal, a sul e sudoeste por Ferreira do Alentejo; e a sudeste e este por Cuba.
Este concelho apresentava em 2001 um total de 2688 habitantes.
Possui um clima mediterrânico, com um período seco de cerca de 80 a 100 dias, durante o Verão, em que a temperatura média varia entre os 28 °C e os 30 °C. No Inverno, as temperaturas são relativamente baixas.
A vila localiza-se a uma altitude significativa; tem a noroeste o Outeiro de S. Miguel, com cerca de 313 metros de altitude, e a norte o Outeiro de São Pedro, com 257 metros.
Dos recursos hídricos, são de referir a ribeira de Malk Abraão e a albufeira de Odivelas.
História e Monumentos
O povoamento das terras deste concelho é muito antigo, conforme o comprova a existência de vestígios arqueológicos.
Em 1245, o rei D. Afonso III doou a herdade da Villa de Alvito ao chanceler Estêvão Anes, que tratou de a povoar e alargar os seus domínios. E, em 1280, esta recebeu foral, concedido pela Ordem da Santíssima Trindade.
Em 1279, passou a pertencer aos Trinitários e, em 1283, foi integrada na Coroa.
Recebeu foral, por D. Dinis, em 1327, que foi confirmado, em 1516, por D. Manuel.
Em 1475, foi sede da primeira baronia portuguesa, da qual foi titular João Fernandes da Silveira.
A nível do património arquitectónico, referência para o Castelo de Alvito, do século XV, que constitui um "paço fortificado" raro em Portugal, sendo de destacar a torre de menagem e alguns panos de muralha. Na base, integra-se um silhar almofadado da época romana. Trata-se de uma conjunção de obra militar e de mansão senhorial.
De referir, ainda, a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção, edificada no século XIII e ampliada e restaurada no século XVI. Nela se conciliam vários estilos de arquitectura portuguesa (Gótico, Manuelino, Renascentismo, Maneirismo e Barroco);
a Capela de S. Sebastião, também do século XVI, em estilo manuelino mudéjar, que é um edifício de tipo abaluartado, com um arco ogival, diadema de ameias chanfradas e uma abóboda gótica;
a Igreja de Nossa Senhora das Candeias (século XIII), que contém um conjunto raro de azulejos do século XVII; e a Capela de S. Neutel, de traços góticos, e que possui a abóboda artesoada e uma capela-mor, também artesoada, com um frontal de azulejos policromos.
Tradições, Lendas e Curiosidades
Abundam as manifestações populares e culturais no concelho, sendo de destacar a Festa de Santa Águeda, que ocorre no Domingo de Pascoela; as Festas da Vila, na segunda quinzena de Agosto; a Feira dos Santos, realizada de 1 a 3 de Novembro; o mercado mensal, que decorre no quarto sábado de cada mês; o Senhor dos Passos, em Março; e a Feira Anual, no terceiro domingo de Julho.
No artesanato merecem referência os trabalhos em madeira e cortiça, as rendas e os bordados, e os queijinhos de ovelha.
Como curiosidade é de referenciar o facto de em 1531 a rainha D. Catarina, mulher de D. João III, ter tido o seu filho, o príncipe D. Manuel, no Castelo de Alvito.
Economia
No concelho predominam as actividades ligadas, essencialmente, ao sector primário, registando pouca importância os restantes sectores. No sector secundário, destaca-se a indústria de transformação de oleaginosas e de confecção de peles e no terciário algum pequeno comércio e alguns serviços ligados ao turismo.
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A elevada importância da agricultura é comprovada pela percentagem de área do concelho destinada a esta actividade, cerca de 90%, destacando-se os cultivos de cereais para grão, os prados temporários e as culturas forrageiras, as culturas industriais, o pousio, o olival, os prados e as pastagens permanentes.
A pecuária regista também alguma importância, nomeadamente na criação de ovinos, bovinos e aves.
Cerca de 668 hectares do seu território correspondem a área coberta de floresta.
Castelo de Alvito
João Fernandes da Silveira seria o primeiro senhor a quem seria concedida a autorização, por carta de Afonso V datada de 1482, para construção e posse de um castelo em Alvito mas seria o seu filho, Diogo Lobo da Silveira quem levaria tal empresa a cabo. De facto D. João II, sete anos mais tarde, confirma-lhe a autorização.
As obras iniciam-se em 1494, possivelmente sobre os alicerces de uma fortificação anterior como indicia o testamento de Estevão Anes aos frades trinitários a quem deixa, no século XIII, terras, o povoado e o Castelo de Alvito.
O edifício misto - Castelo e Casa senhorial - seria concluído em 1504, conjugando na sua arquitectura de cariz militar caracteres palacianos, como as interessantes fenestrações mudéjares que o ornamentam.
Desenvolve-se num quadrilátero guarnecido de torreões hemicirculares alongados à excepção do torreão da Fonte constituído por muros rectos e remate semicircular.
Destaca-se a fachada nascente, exemplo paradigmático de adaptação a residência senhorial, rasgada em seis janelas de peito maineladas (em mármore branco) e rematadas por arcos de ferradura em tijoleira de assentamento rendilhado.
Do lado noroeste ergue-se a torre de menagem, maciça, com paredes grossas e janelas gradeadas. Exemplifica uma experiência de adaptação à nova artilharia pesada. O seu abaixamento ao nível das demais torres foi uma das soluções empíricas encontradas para robustecer estes pontos particularmente vulneráveis à força dos canhões.
O adarve ou caminho de ronda é constituído por parapeito alteado com merlões onde, de quando em quando, se rasgam estreitas seteiras.
A porta principal, constituída por arco chanfrado, ostenta, na parte superior, uma inscrição onde se lê que o castelo teria sido iniciado no tempo de D. João II e terminado no reinado de D. Manuel I.
Era servida por ponte levadiça sobre o fosso, abrindo-se a um interessante conjunto arquitectural de que destacamos, do lado Sul, uma escadaria de acesso à grandiosa Sala dos Veados, a capela e os aposentos das torres.
Igreja Matriz de Alvito
Formando um interessante conjunto arquitectónico, a Igreja Matriz de Alvito - consagrada a N. Sra. da Assunção e situada na vila alentejana de Alvito - é um templo manuelino de grande beleza estética, provavelmente levantado entre os finais do século XV e os começos do seguinte.
Reforçada por contrafortes nos flancos, a sua frontaria é marcada por poderosos e sólidos gigantes graníticos de três pisos e rasgados por gárgulas. Entre estes abre-se o portal maneirista, composto por arco de volta perfeita com colunas pinaculadas e rematado superiormente por frontão triangular, sobre o qual se dispõe o imenso janelão do coro, terminando em empena triangular.
Os diversos volumes exteriores do templo são marcados pelos contrafortes laterais com gárgulas, entre os quais estão abertas as janelas do templo. A nave axial é mais alta, amparada por arcos-botantes que descarregam o peso sobre as massas dos contrafortes. A cimalha do templo, bem assim como a nave axial mais elevada, são percorridas por ameias chanfradas e molduradas, nalguns casos intervaladas por esguios coruchéus. A altiva torre sineira eleva-se acima da cabeceira, com a cimalha marcada por pináculos e a cobertura realizada por um coruchéu.
O corpo da igreja é dividido em três naves, a central mais elevada e mais larga, repartidas em quatro tramos e por desenvolvido transepto, este último marcado por arco quebrado - tal como o das capelas colaterais ( capelas funerárias que albergam os túmulos dos Senhores de Alvito) e do arco triunfal -, enquanto os restantes apresentam arcaria plena. Sustentam uma cobertura de abóbadas ogivais de cruzaria, ostentando nas chaves das abóbadas nervuradas do centro a Cruz de Cristo e outros símbolos. Ao fundo da igreja, sobre largo arco abatido, está o coro alto.
Na nave central encontra-se um elegante púlpito em mármore, de linhas clássicas e com balaústres. Nas paredes das naves laterais estão diversos retábulos de talha dourada barroca, expondo várias imagens de santos. Esta decoração exuberante harmoniza-se com o revestimento, a meia altura, dos tapetes de azulejo-padrão do século XVII (c. 1647) e dos painéis superiores com a figuração de santos.
A capela-mor é coberta por uma abóbada de berço com caixotões, pintada com ornamentos seiscentistas. Tem revestimento de mosaico azulejar nas paredes, enquanto o frontal do altar-mor é pintado com uma composição a fresco - onde se observa a Pièta rodeada por anjos, S. João e as Santas Mulheres. O retábulo arranca de uma estrutura em mármore e é uma obra em talha dourada do Barroco Nacional. Sobre o trono escalonado está a padroeira deste templo.
A Igreja Matriz de Alvito foi classificada como Monumento Nacional (M.N.) em 1939.