04
Jun04
Árvores do Alentejo
Lumife

Horas mortas ... Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido ... e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a benção de uma fonte !
*
E quando, manhã alta, o sol posponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte !
*
Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa !
*
Árvores ! Não choreis ! Olhai e vêde :
--Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água !
*
(Florbela Espanca - nascida em Vila Viçosa)