PARA QUANDO ?

Passam, vergados à escravidão milenária
De homens-bestas de carga de outros homens,
Baços os olhos que não colhem flores,
Resignados os olhos sem clarões de estrelas,
Exaustos ...
E há crianças de ventres túmidos
À espera que lhes acendam
Rosas nas faces,
Sóis no olhar.
É PRECISO QUE A PRODUTIVIDADE AUMENTE !
- Lêem homens de gelo em números de gelo.
Curvam-se mais os dorsos castigados,
Marcam mais fundo as trôpegas passadas
E os olhos que nunca sentiram o cheiro das flores
Nem se ampararam do calor das estrelas,
Quedam baços, resignados, extáticos ...
Para quando a Aurora laivada de fogo,
Para quando a Hiroshima da esperança,
De consciências despertas,
De rosas acendidas,
De astros desabrochados,
De gelos feitos prantos de remorso ?
*
(Escritos da Juventude ... e Outros)